Bento XVI fala pela primeira vez dos VatiLeaks e se mostra entristecido

O Papa Bento XVI falou hoje pela primeira vez sobre o escândalo de vazamento de documentos secretos do Vaticano (“VatiLeaks”) e manifestou grande decepção com o episódio.

“Os eventos recentes envolvendo a Cúria e meus colaboradores trouxeram tristeza ao meu coração“, disse, em audiência geral das quartas-feiras. “No entanto, nunca perdi minha firme certeza de que, apesar da fraqueza do homem, apesar das dificuldades e desafios, a Igreja é guiada pelo Espírito Santo e o Senhor nunca lhe deixará faltar a ajuda de que precisa em sua jornada”, acrescentou.

Pessoas próximas ao sumo-pontífice já haviam revelado que ele estava bastante chateado com o furto de documentos e correspondências que vem ocorrendo nas últimas semanas – você pode lembrar do caso dos VatiLeaks clicando aqui. Recentemente, descobriu-se que o ajudante de quarto Paolo Gabriele, que trabalhava como mordomo na residência papal, foi um dos responsáveis pelo furto de documentos.

O motivo dessa tristeza de Bento XVI, portanto, não é somente o fato de os documentos terem vazado, mas também porque algumas pessoas próximas a ele traíram sua confiança em nome de algum objetivo que ainda não se sabe qual é. Além disso, a impressão geral é de que tem alguém armando contra a ordem em seu pontificado.

Entretanto, em sua fala, o Papa criticou o excesso de especulações sobre o problema e disse que alguns meios de comunicação “amplificaram as conjecturas de forma gratuita”, indo além dos fatos e passando uma imagem da Santa Sé que não corresponde à realidade. “Quero, por isso, reiterar minha confiança e meu encorajamento aos meus colaboradores mais próximos e a todos aqueles que, todos os dias, com fidelidade, espírito de sacrifício e no silêncio, ajudam-me no cumprimento do meu ministério.”

Dom Angelo Becciu, o sostituto

SOSTITUTOTambém hoje, o serviço de informações do Vaticano distribuiu uma entrevista sobre o mesmo tema com o Vice-Secretário de Estado do Vaticano (o chamado sostituto, um dos administradores do Vaticano), Arcebispo Angelo Becciu, publicada pelo jornal L’Osservatore Romano. Dom Becciu disse que o Papa está chateado porque o fato dos vazamentos é brutal e violou a liberdade de pensamento dos correspondentes envolvidos.

“Bento XVI viu publicadas cartas roubadas da sua casa, cartas que não são simples correspondências privadas, mas sim informações, reflexões, manifestações de consciência, e até demonstrações que recebeu unicamente em razão do próprio ministério”, explicou o arcebispo, chamando o roubo de uma “violência súbita”. Portanto, para a Secretaria de Estado, a publicação das cartas do Papa é “um ato imoral de inédita gravidade“.

Segundo Becciu, não se pode justificar a publicação de tais cartas com base em critérios de limpeza, transparência ou reforma da Igreja. “Não pode haver renovação que pisoteia a lei moral, talvez com base no princípio de que os fins justificam os meios, um princípio que também não é cristão.”

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