Papa Francisco: cuidado com o ‘frenesi’ dos afazeres

Poucos dias depois da internação por uma cirurgia intestinal, o Papa Francisco fez um alerta a todos os fiéis: tomar cuidado com o “perigo de deixar-se levar pelo frenesi do fazer”. Na oração do Angelus do domingo, 18 de julho, ele falou do ensinamento “precioso” de Jesus sobre a necessidade de dar tempo ao corpo para se recuperar do cansaço.

“Jesus se preocupa com o cansaço físico e interior [dos discípulos]”, disse o Papa. Isso porque Jesus não quer eles caiam na “armadilha do ativismo”, ou seja, não deseja que se deixem levar por ocupações demais, esquecendo de dar tempo a si mesmos e às coisas de Deus.

É preciso evitar a lógica em que “a coisa mais importante são os resultados que obtemos e o sentir-se protagonistas absolutos”, afirmou.

“Quantas vezes isso ocorre também na Igreja: estamos ocupados, corremos, pensamos que tudo depende de nós e, no fim, arriscamos esquecer Jesus, e colocamos sempre nós mesmos no centro”, alertou o Pontífice.

Para descansar de verdade, disse ele, é preciso “retornar ao coração das coisas”. É necessário “parar um pouco, estar em silêncio, rezar, para não passar da corrida do trabalho à corrida das férias”.

Nesse sentido, Jesus sempre se apresentava às multidões e era disponível, mas, antes de fazer qualquer coisa, “se retirava em oração, em silêncio, na intimidade com o Pai”.

Foto: Vatican Media

Compaixão e contemplação

O Papa se referia ao Evangelho do último domingo, tirado de São Marcos (6,30-34). Nesse mesmo relato, após Jesus incentivar os discípulos a se afastarem para descansar, ele também percebe, em seguida, que a multidão os havia acompanhado, e esperava sedenta por sua pregação.

A partir daí, ele resolve retomar o encontro com o povo. Nas palavras do Santo Padre, Jesus teve compaixão por essas pessoas, “que é o estilo de Deus, um estilo de proximidade, de compaixão e ternura”, disse.

Embora isso possa parecer uma contradição com o ensinamento inicial, sobre o repouso, Francisco afirma que, em vez disso, as duas coisas se complementam. 

“A compaixão nasce da contemplação. Se aprendemos a descansar de verdade, nos tornamos capazes de nos comover, isto é, de não se deixar levar por si mesmo e pelos afazeres, e dar-se conta dos outros, das suas feridas, das suas necessidades”, comentou o Pontífice. 

Recuperado da cirurgia

Após dez dias de internação no hospital Gemelli, em Roma, o Papa Francisco recebeu alta na quinta-feira, 14, e voltou para a Casa Santa Marta, no Vaticano. Ele se recuperou bem de uma cirurgia para retirada de parte do intestino, por causa de uma diverticulite que vinha lhe causando desconforto.

Durante o período de internação, o Papa celebrou missas com funcionários e pacientes do hospital, além de caminhar pelos corredores e visitar doentes, especialmente crianças em tratamento de câncer. Ele disse ter rezado de maneira especial por todas as pessoas doentes. No fim de semana, ele rezou o Angelus uma vez da sacada de seu andar.

Antes de voltar para o Vaticano, o Papa fez uma breve visita à Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma – onde costuma ir, sempre faz uma viagem ao exterior – para agradecer a Nossa Senhora pelo bom andamento da cirurgia.

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