Papa Francisco recebe Alberto Fernández enquanto Argentina espera uma visita papal

Desde que foi eleito Papa, em 2013, Francisco não voltou sequer uma vez à sua terra natal, a Argentina (leia abaixo possíveis motivos). Mas mantém contato com vários argentinos dentro e fora do Vaticano. Nesta semana, recebeu em visita oficial o novo presidente da Argentina, Alberto Fernández.

Conforme afirmou Fernández à imprensa, o encontro foi cordial e o presidente pediu ajuda ao Papa para que a Argentina possa se recuperar da atual crise econômica.

Ele também disse que o país anseia por uma visita de Jorge Mario Bergoglio, mas não quer que o pontífice se sinta “pressionado”.

Fernández é o terceiro presidente argentino recebido por Francisco, depois e Cristina Kirchner e Mauricio Macri. Aparentemente, o encontro desta vez foi mais cordial e bem humorado que os anteriores. Durou quase 45 minutos.

Foto: Vatican Media

Nota do Vaticano

O comunicado oficial do Vaticano sobre essas reuniões costuma ser bem curto e pouco detalhado. Neste caso, diz apenas que os dois expressaram “satisfação pelas boas relações” entre a Santa Sé e a Argentina:

“Posteriormente, examinou-se a situação do país, com especial referência a alguns problemas como a crise econômico-financeira, a luta contra a pobreza, a corrupção e o narcotráfico, a promoção social e a proteção da vida desde a sua concepção.”

Comunicado – Sala de Imprensa da Santa Sé – 31 de janeiro de 2020


A reunião também teria tocado no tema do serviço social realizado pela Igreja no país.

Por que o Papa não visita a Argentina?

Ninguém compreende ao certo por que o Papa Francisco nunca quis voltar à Argentina, mesmo tendo ido à América do Sul mais de uma vez. Os próprios argentinos ficam encucados com isso.

Em entrevista ao jornal “La Nación”, ele disse que gostaria de ir, mas dificilmente em 2020.

Alguns garantem que o principal motivo é o receio de ter sua imagem instrumentalizada pelo líder político do momento.

De fato, desde que era arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio não distribui comunhão em missas públicas, justamente para evitar que uma foto desse momento possa ser mal utilizada.

Foto: Vatican Media

Outros acreditam que isso tem a ver com seu passado histórico. Por muitos anos, Bergoglio não era bem quisto por uma boa parte dos membros da Companhia de Jesus no país – por causa dos erros de seus anos como provincial, em tempos de ditadura militar (algo que fica bem visível no filme “Dois Papas”).

Em Buenos Aires, era considerado um bispo conservador por uns. Outros não viam a hora de sua aposentadoria, que estava chegando. E o governo dos Kirchner o via, de fato, como um inimigo, por causa de suas críticas públicas à administração.

Outros observadores dizem, ainda, que Bergoglio hesita voltar à Argentina simplesmente porque não quer colocar sua vida pessoal à frente dos compromissos como Papa. Ele mesmo disse outras vezes que ir à Argentina “não é uma prioridade”.

Mas há quem especule, ainda, que ele tenha na cabeça uma ideia: a de que, quando for de novo à Argentina, será para ficar.

Os comentários estão encerrados.

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑