Freiras com ‘síndrome de burnout’ despertam novo alerta no Vaticano

Se você acha que já trabalha demais, imagine fazer mais um pouco, sem receber salário, sem ambição profissional e com muita pressão dos seus superiores.

Estamos falando de um estilo de vida que, muitas vezes, é o de algumas religiosas. Freiras e mulheres consagradas que dedicam toda a vida ao serviço na Igreja, a ponto de esquecerem de si mesmas.

A queda das vocações femininas pode estar relacionada a este problema. Boas irmãs acabam trabalhando tanto que começam a pifar. E as jovens se afastam, com medo de ir pelo mesmo caminho.

Um artigo publicado no jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, aponta para o “burnout” em religiosas como algo grave, que precisa ser analisado pelos líderes da Igreja.

Foto:
Vidar Nordli-Mathisen / Unsplash

O que é a Síndrome de Burnout

Muitas irmãs estão chegando a um estado de depressão tão profundo que pode ser caracterizado como “síndrome de burnout”. É uma doença que deriva, basicamente, do excesso de trabalho. Isso a diferencia de outros tipos de depressão.

Veja a definição do Ministério da Saúde:

“Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extremaestresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.”

Ministério da Saúde

O excesso de trabalho, a pressão constante dos chefes e colegas, e a sensação de que nunca vai dar conta do que precisa ser feito podem levar ao “burnout”.

O burnout em irmãs

Foto: Jon Tyson / Unsplash

O texto do Osservatore, assinado por Federica Re David, diz que não só o burnout atinge muitas religiosas, mas também o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT).

O artigo atribui o problema a, entre outras causas, diversas formas de abuso sofrido pelas irmãs, como “abusos de poder, contextos abusivos e abusos sexuais”.

Por isso, está sendo criada uma comissão sobre o tema dentro da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), principal associação de religiosas em Roma. Elas farão um estudo durante três anos.

Segundo a Ir. Maryanne Lounghry, australian, psicóloga e pesquisadora, não basta resolver casos individuais dessas doenças, mas observá-los como parte de algo sistêmico.

“Se nos ocupamos do problema individual e não olhamos para a organização, enfrentamos só metade da história, porque a cultura da organização forma também a inteira existência do indivíduo”, avalia.

“A disparidade de gênero é um dos nós. Devemos nos perguntar o que acontece na nossa Igreja e no país onde trabalhamos”, completa a especialista.

Para evitar esse problema, diz ela, é preciso estabelecer com mais clareza as diretrizes do trabalho de uma irmã, o que inclui um código de conduta e detalhes sobre o que pode e o que não pode ser pedido de uma religiosa.

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