Papa Francisco: Migrantes não são uma ameaça

Refletindo sobre o tema da “hospitalidade” na audiência geral da última quarta-feira (22), o Papa Francisco insistiu que os migrantes não são uma ameaça e não podem ser tratados só como números.

Também criticou os governantes que lidam os migrantes dessa forma, muitas vezes devolvendo-os para os riscos dos quais tentam se afastar. Mas ele não citou nomes.

Quando fala do tema, o Papa não defende uma acolhida sem critérios dos migrantes por um único país. Em vez disso, pede mais colaboração internacional, com ênfase no lado humanitário, para que eles possam encontrar refúgio de forma organizada.

Tema central para Francisco

A defesa dos migrantes é um dos mais fortes do pontificado do Papa Francisco. Vale lembrar que ele volta ao tema com frequência e teve alguns momentos históricos sobre isso. Citando de cabeça alguns deles:

  • a primeira viagem do pontificado a Lampedusa (Itália);
  • as visitas a diversos campos de refugiados, como aquele de Lesbos (Grécia);
  • a acolhida de alguns migrantes dentro do Vaticano;
  • a criação de um departamento só para migrantes no Vaticano, cujo líder é o cardeal jesuíta Michael Czerny.
  • a campanha ‘Compartilhe a Viagem‘ da Cáritas;
  • as várias denúncias contra a perseguição do povo Rohingya, minoria muçulmana em Myanmar (dos quais nem o governo do país fala);
  • a celebração da missa na fronteira do México com os Estados Unidos.

Francisco comentava, nesta quarta, o texto dos “Atos dos Apóstolos” (28,2) em que o apóstolo Paulo, acompanhado de alguns amigos, naufraga e é recebido de forma hospitaleira pelos habitantes das ilhas de Gozo e Malta…

Foto: Vatican Media

O mar ainda é perigoso

Assim como para os viajantes dos tempos de São Paulo, o mar ainda é perigoso hoje, notou o Papa Francisco.

“Em todo o mundo, homens e mulheres migrantes enfrentam viagens arriscadas para fugir da violência, para fugir da guerra, para fugir da pobreza“, lembrou.

E, segundo ele, ainda hoje essas pessoas encontram no caminho indiferença e hostilidade.

“Tantas vezes não os deixam desembarcar nos portos”, declarou, denunciando também os traficantes de pessoas.

A falta de hospitalidade, critica, os joga de volta “como uma onda” na direção da pobreza ou dos perigos dos quais que fogem.

“São tratados como números e como uma ameaça por alguns governantes. Hoje!”

Papa Francisco, 22 de janeiro de 2020

Unidade dos cristãos

O assunto da hospitalidade não foi por acaso. Trata-se do tema escolhido para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, celebrada por diversas igrejas em todo o mundo.

Nesse sentido, Francisco afirma que é preciso saber escutar os outros, prestando atenção às histórias pessoais de cada um, e também sua “história de comunidade, que é diferente da nossa”.

“Acolher cristãos de uma outra tradição significa, em primeiro lugar, mostrar o amor de Deus em relação a eles, porque são filhos de Deus, nossos irmãos, e além disso significa acolher o que Deus realizou em suas vidas”, disse.

Imagens da missa na fronteira do México com os EUA

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