
Depois que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, relativizou a pobreza no país afirmando que a verdadeira pobreza está no Haiti, o bispo de San Isidro e presidente da Caritas Argentina, Dom Oscar Ojea Quintana, declarou firmemente aos jornalistas: “A situação no Haiti é terrível, dolorosa e extrema; nós a conhecemos bem porque estivemos lá, mas temos que admitir que existe muita pobreza na Argentina.”
Segundo informações da Agência Fides, a declaração de Dom Quintana foi feita na apresentação de uma campanha da Caritas chamada “Principal Objetivo: Pobreza Zero”. O bispo argentino criticou indiretamente o governo dizendo que não se pode esquecer que o país é um dos mais desiguais da América Latina. “A inflação atinge fortemente as categorias mais pobres da população, porque o salário é cada vez mais baixo e não é suficiente”, informa a Fides, acrescentando que, segundo o último estudo do Observatório Social da Universidade Católica Argentina, quase 5 milhões de crianças são pobres e 800 mil são indigentes, “ou seja, não possuem meios para atender suas exigências básicas”.
Há menos de uma semana, Cristina Kirchner minimizou a pobreza na Argentina, que chega a 20% da população. “Quando alguém ouve falar de pobreza, eu o convidaria a conhecer o Haiti. Nem é preciso chegar ao país para ver a pobreza. Vê-se do avião”, declarou a presidente, recordando sua visita ao país.

Vale lembrar que um dos temas mais mencionados pelo Papa Francisco desde sua eleição é justamente o da pobreza.
“Ah como eu queria uma Igreja pobre”, exclamou em sua primeira audiência com jornalistas, quando explicou porque escolheu o nome de Francisco, em referência a São Francisco de Assis.
Embora o Papa Francisco tenha recebido amigavelmente a presidente argentina quando foi eleito, em março, a relação dos dois era bem difícil desde os tempos do governo de Nestor Kirchner, falecido marido de Cristina.
A Igreja critica uma série de políticas do governo Kirchner, especialmente no combate à pobreza, em economia, defesa da vida e casamento entre pessoas do mesmo sexo. O ex-presidente chamava o cardeal Jorge Mario Bergoglio (hoje Papa Francisco) de “verdadeiro representante da oposição“. Agora, o discurso de ambos os lados é de diálogo e unidade entre os argentinos.

Pobreza zero, nada mais seria do que validar o direito que toda pessoa tem de ter seus direitos básicos garantidos, não importa de que País seja esta pessoa.
Ao escolher o nome Francisco, em referência ao Santo de Assis, o Papa como autoridade maior da Igreja católica, deixa claro sua missão tornar a Igreja pobre; isto significa escolher a partilha ao invés do lucro; solidariedade e não ao egoísmo, etc…