A versão em inglês da nova conta de Twitter do Papa Bento XVI, lançada no começo desta semana, já tem mais de 565 mil seguidores e espera-se que até o Natal sejam 1 milhão. Pela primeira vez na História, pessoas do mundo inteiro poderão enviar perguntas ao Papa (@Pontifex) por meio da hashtag #askpontifex, que serão selecionadas e respondidas esporadicamente. O primeiro twit pontifício será enviado em 12 de dezembro. Além das respostas do Papa, serão twittados trechos de mensagens ou discursos de Bento XVI.

O mais importante nessa novidade não é tanto a presença do Papa na internet, mas o que ela representa para a Igreja. O pontífice, que tem 85 anos e pouca afinidade com as mídias digitais, não vai ficar twittando o dia inteiro.
E, de acordo com o consultor de comunicações do Vaticano, o jornalista Greg Burke, o Papa não é o tipo de pessoa que fica checando toda hora se recebeu novas mensagens no BlackBerry e nem roda para lá e pra cá com um iPad embaixo do braço – aliás, ele ainda escreve tudo à mão.
Entretanto, já mais de uma vez Bento XVI destacou a importância do mundo digital no processo de evangelização. A mais recente, sem se referir especificamente ao Twitter, mas falando de sites, aplicativos e redes sociais, na mensagem para o 46º Dia Mundial das Comunicações, quando disse que “Breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos”.
Ou seja, se por um lado temos a certeza de que não será o Papa que estará na frente do computador twittando, por outro podemos pensar que essa decisão de estar online é um novo jeito de ver a presença da Igreja no mundo. Nós, que já estamos habituados a usar a internet o tempo inteiro, às vezes não percebemos como pode ser difícil para uma instituição de milhares de anos começar a fazer as coisas de forma diferente. Mais do que isso, pensar na rede como um novo lugar ou algo que já faz parte das vidas das pessoas em seu cotidiano, e não apenas como um meio.

Segundo o jesuíta italiano Pe. Antonio Spadaro, especialista em mídias digitais e diretor da revista La Civiltà Cattolica, a Igreja deve estar onde as pessoas estão e a chegada do Papa ao Twitter é parte de um processo natural.
“Não se trata de uma mera presença ou de um desejo de protagonismo. Já não há diferença entre a vida on line e a vida off line, ou seja, aquela dentro e fora da web. Uma parte do cotidiano se desenvolve em rede. E a Igreja, por sua vocação, é chamada a estar onde o Homem se encontra”, explica, em reportagem publicada pelo jornal italiano Avvenire.
Em outras palavras, a chegada do Papa ao Twitter quer dizer que a Igreja pretende estar onde muita gente está. Não seria equivocado relacionar essa estratégia digital com os esforços da chamada “Nova Evangelização” – iniciada por João Paulo II e fortalecida por Bento XVI. Com ela, a Igreja busca resgatar os fiéis cristãos que se afastaram após o Batismo e também se fazer presente nos lugares aonde ainda não chegou.

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