Começou hoje a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e a Igreja Católica também participa das discussões.
O Papa Bento XVI nomeou o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, como enviado especial da Santa Sé à conferência. Além de Dom Odilo, que preside a delegação, estarão lá também Dom Francis Chullikatt, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, os adidos Pe. Philip J.Bené e Pe. Justin Wylie, além do advogado Lucas Swanepoel.
O encontro deve reunir representantes dos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), além de membros da sociedade civil, como Organizações Não Governamentais (ONGs), empresas e outras instituições.
Em entrevista à televisão católica Canção Nova (veja aqui), Dom Odilo Scherer explicou o motivo de a Igreja também estar na Rio+20: “A palavra da Igreja, representada pela Santa Sé, tem um peso e por isso a Igreja não pode deixar de dizer sua palavra e apresentar a sua posição“, afirmou. “O Homem foi colocado como zelador do jardim, do paraíso, então deve assumir a sua responsabilidade de cuidar bem, e não de estragar o jardim, o paraíso terrestre, ou seja, o mundo em que nós vivemos.”

Pode parecer talvez que a Igreja está caindo de paraquedas nas discussões sobre o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, mas essa ideia é um engano. Nunca um Papa falou tanto sobre a proteção do meio ambiente como Bento XVI, que é chamado por alguns ambientalistas de o “Papa Verde”.
Uma das ocasiões em que abordou o tema foi em 2009, enviando mensagem para os representantes da ONU em conferência sobre as mudanças climáticas, Bento XVI afirmou que “os custos econômicos e sociais na utilização dos recursos comuns devem ser reconhecidos com transparência”, dedicando atenção às futuras gerações. Em sua encíclica Caritas in Veritate (Caridade na Verdade), defendeu que o desenvolvimento deve ser “inspirado nos valores da caridade na verdade” e pediu uma transformação do modelo de desenvolvimento, com maior valorização do ser humano.

Também hoje, a entidade Caritas Internationalis – mais famosa e reconhecida instituição católica de caridade – divulgou documento pedindo “uma mudança de paradigma, a uma nova civilização do amor pela humanidade, que coloque a dignidade e o bem-estar de homens e mulheres no centro de toda ação”. A Caritas estimulou os líderes transmitirem “uma mensagem de esperança para a humanidade, sobretudo para os pobres e excluídos”.
A grande discussão que se faz sobre a Rio+20 é se ela realmente chegará a alguma conclusão prática e concreta sobre a sustentabilidade, pois muito se fala sobre o meio ambiente e pouco se faz em âmbito global. Os países raramente chegam a acordos sobre essas questões.
De qualquer forma, especialistas dizem que conferências desse tipo são importantes assim mesmo, nem que seja apenas para se formar uma nova “cultura”, um novo pensamente de preservação, de reutilização, e não mais somente de exploração e descarte.
